Estava encostado à parede. Os cabelos escorriam-lhe como torrentes pelas (en)costas. O casaco escuro igual ao de Drácula menos no forro. O rosto branco obscuro e o nariz oblíquo oblongo e carrancudo. Não me recordo dos olhos acho que não os cheguei a ver. Eu escalava as escadas longas altas e sem fim. Ele encostado ao lado direito. Eu continuava a subir e ele ficava para trás. Não gosto de te ter por trás. Prefiro quando estás à frente ou ao lado. Por dentro também atrás não. Os cabelos eram pretos de penumbra e quase varriam o chão. O nariz oblíquo, oblongo e carrancudo não era tal como eu tinha imaginado. Esperava-te no alto com os cabelos e as barbas a ondular o chão como ondas de espuma. E o nariz carrancudo aberto num sorriso e os braços também. E os olhos azuis como os do teu filho que vemos nos filmes. Mas não foi assim e davas medo e eu vi-te à minha imagem com os teus cabelos negros e a cara sinistra. E eu só a vi de lado.
Pega nos teus cabelos e transforma-os em fios de oiro e o teu nariz oblíquo, oblongo e carrancudo deixa-o cair pelas escadas. Despe o escuro cinza do capote e deixa-te ficar desprotegido.
Eu continuo a subir e já vejo a ogiva da tua catedral e estás à minha espera tal como eu imaginei e dás-me os fios de oiro e pedes-me para os distribuir aos pobres mas não me apetece voltar.
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