domingo, 25 de janeiro de 2009

Oh vizinho, ora bom dia, como vai a saúdinha? eu não sei falar de amor

FADO TONINHO


Ontem à noite no Teatro Circo ouvimos cantar histórias à portuguesa. A Deolinda (Ana Bacalhau, Zé Pedro Leitão, Pedro da Silva Martins e Luís José Martins) retrata esta alma lusitana, com muitos desamores e humor(es). Deixem-se contagiar.

CLANDESTINO


MAL POR MAL


Já sou quem tu queres que eu seja,
Tenho emprego e uma vida normal.
Mas quando acordo e não sei
Quem eu sou, quem me tornei
Eu começo a bater mal.
O teu bem faz-me tão mal!

Já me enquadro na tua estrutura.
Não ofendo a tua moral.
Mas quando me impões o meu bem
Eu ainda sinto aquém.
O teu bem faz-me tão mal,
O teu bem faz-me tão mal!

Sei que esperas que não desiluda,
Que por bem siga o teu ideal.
Mas não quero seguir ninguém
Por mais que me queiras bem.
O teu bem faz-me tão mal,
O teu bem faz-me tão mal!

Sei que me vais virar do avesso
Se eu te disser foi em mim que apostei.
Não, não é nada que me rale
Mesmo que me faças mal.
Do avesso eu te direi:
O teu mal faz-me tão bem!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Um dia

um dia os teus cabelos
cairão com as minhas folhas
a mesma terra nos cobrirá numa benção
alguém escreverá um poema
um dia as minhas raízes chegarão até ti
os nossos rebentos partirão o cimento e voltarão a dar frutos
um dia os pássaros bailarão sobre as nossas copas
e a vida retomará o seu sentido.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A greve ou a recusa à escravidão

Entre a astrologia do sapo e o jornal da tarde que fala da greve dos professores assim vai o dia. Estou de greve. A tomada de posse de Obama é uma boa notícia. Estou de greve. Lídia Jorge, num e-mail que me reencaminharam, explica as minhas razões que eu não sei explicar, só sei sentir. Ela fala no abuso do poder, em braços-de-ferro, na excelência. Mas quem quer a excelência, se só queremos poder olhar uns para os outros com carinho e satisfação por partilharmos juntos uma grande parte do nosso dia, só queremos que nos escutem porque temos coisas importantes para dizer e queremos escutar as coisas importantes que têm para nos contar. Querem fazer de nós um bando de escravos, acéfalos e gostariam que nós fizéssemos o mesmo com os nossos alunos. Recuso-me a participar, esta via é a que leva à escravidão.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Jim Morrison, the poet


The Doors The End

A Feast Of Friends

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Neve em Tibães

Sexta feira, 9 de Janeiro de 2009

http://mosteirodetibaes.blogspot.com/

Lindo todo o ano em todas as cores ou numa só, assim é Tibães.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mysteries of love - Antony & the Johnsons

Lisboa 14 de Maio Braga 16 de Maio Porto 18 de Maio 2009.

Thank you Antony

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ano Novo

Recebi de uma amiga, achei lindo e decidi partilhar:

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

de Carlos Drummond de Andrade in "Discurso de Primavera e Algumas Sombras "