sexta-feira, 27 de julho de 2007

um dia nos separa. nadanossepara

que olhos tens. desde o primeiro dia. neles está tudo o que existe. existiu. existirá. o primeiro beijo. lembro-me bem. e de todos os primeiros beijos. e de todos os primeiros beijos daqui em diante. amo-te é uma palavra demasiado gasta. vives na minha pele. respiro-te. bebo-te. sinto o teu cheiro marcado nos lençóis. sei que existes. não estás aqui mas existes. respiro no teu compasso. noutro espaço. no mesmo tempo. queima-nos o mesmo sol. uma hora nos separa. invenção nossa. nadanossepara. caminhamosjuntos. tocam os sinos. os gatos dormem enroscados no sol. os abelharucos voltam todos os anos. nascemos para viver um no outro.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Não é uma despedida II

Hoje vesti-te de Outono para que não me visses sair.

terça-feira, 24 de julho de 2007

PARA VOZ E INSTRUMENTOS?


Doce, a voz melódica

do bicho-de-conta,

que se isola na sua esfera

e rebola a esmo,

sem medo da noite.


Mas que dirá,

com tanta suavidade,

ali, naquele recanto,

senão o eterno eu sou?


Fiama Hasse Pais Brandão

segunda-feira, 23 de julho de 2007

I don't believe in an interventionist god
But i know, darling, that you do
But if i did i would kneel down and ask him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if he felt he had to direct you
Then direct you into my arms

Nick Cave - Into My Arms

domingo, 22 de julho de 2007

te acuerdas?

não há muito para contar sobre o dia que não chegou a amanhecer nunca, pois nunca chegou a amanhecer. esse dia simplesmente não chegou a aparecer, ou por distracção ou porque não lhe apeteceu. houve alturas em que parecia mesmo que estava para amanhecer. por momentos pareceu-me vê-lo espreitar pelas frinchas da janela e deixar-me recortada. mas não. era uma ilusão de outros amanheceres. dormia e acordava, abria os olhos. não, ainda não estava. forçava-me a dormir mais uma vez. abria os olhos. não, ainda não. foi assim que conclui que nem sempre a noite dá lugar ao dia e que o dia nem sempre chega a nascer. melhor será amanhecer antes de amanhecer.

Lou Reed Perfect Day

Um dia perfeito ao contrário. A perfeita contradição para um dia muito revelador.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

não é uma despedida

Hoje não te fui ver. Chamaste por mim mas eu não fui. Sei que continuarás aí apesar de eu não estar, sei que tudo permanecerá igual apesar de eu não estar. Fecho os olhos e oiço-te. Fecho os olhos e sinto-te. Em breve estarás coberto de folhas, lembras-te, foi assim que começou o nosso namoro quase diário. Tu escondido num manto de folhas, eu a procurar descobrir-te. Talvez por isso hoje não te quis ver. Não te quero como uma simples recordação. Quero-te como algo vivo dentro de mim. Vou sentir a tua falta. Alegro-me ao saber que tudo continuará igual apesar de eu não estar. Alegro-me ao saber que a tua água continuará a correr. Alegro-me ao saber que estarás sempre aí, um porto seguro onde poderei voltar. Sabes o que me apetece dizer mais: obrigada.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Probando! Probando!

Todo o mundo tem um blog, eu, maria vai com as outras, criei hoje um com a ajuda do meu amigo Jorge. Não, é mesmo como forma de olhar para o umbigo, vejam só, fui eu que escrevi aquilo e ali está disponível aos olhos de todos! Não quero publicar livros?! Pois então, esta é uma forma de começar. Não, esta também não serve. Bom, acho que é porque me estou a lançar como contadora de histórias (ou será estórias), conta contos, storyteller e como dinamizadora de oficinas de escrita criativa. Certo, certo é que será uma mistura de todas as tentativas anteriores de explicar o que não interessa nada explicar. Certo, certo é que será um enorme prazer partilhar o que me apetecer, sempre que me apetecer, a haver gente para ler (bom, espero que pelo menos a família e os amigos!). Mas a verdade da boa é porque estou apaixonada. Pisca o olho. Por tudo. Pisca o olho. Por todos. Pisca o olho. Por ti. Pisca o olho.